13 agosto 2006

 

Moldadores de opinião

Um artigo publicado na sexta feira 11 de Agosto no Diário de Noticias pela jornalista Fernanda Câncio suscita de uma forma muito frontal, provavelmente envolvendo alguma dose de coragem, a questão da importância de alguns moldadores de opinião que pululam em meios de comunicação social de largo espectro. E que, por isso, assumem uma relevância social poderosíssima.
À sombra de um indefinido e indefinível conceito de «figura pública», associado à pseudo necessidade de serem doentiamente referendadas pelo povo as suas virtudes, devassa-se sistematicamente a vida intima de pessoas ditas «públicas», emitindo publicamente juízos de valor sobre a sua vida pessoal e sobre as suas relações sociais privadas.
De uma forma critica, estribada numa qualquer moral da mediania determinada pelo seu próprio grau de incultura e apenas justificada pelo «quantum» de audiências e «shares» dos programas, arroga-se permanentemente o direito de julgar comportamentos individuais que não «encaixam» em tal mediocridade social.
É certo que os limites da liberdade de expressão e da liberdade de imprensa existem e os tribunais aí estão para sindicar os seus atropelos.
A questão não é, no entanto, apenas, uma questão de tribunais.
Trata-se de questionar o baixíssimo perfil de quem tem o acesso e a disponibilidade de «tempo de antena» para, sustentado nesse enorme poder e à custa de conquista de audiências e vendas, transformar os direitos fundamentais das pessoas em causa em objecto de medição de perfis comportamentais.
É claro que quem tem o poder de permitir a prática e a proliferação de tais programas e artigos, tem unicamente motivações económicas decorrentes das suas finalidades empresariais.
Que, sendo legítimas, não podem também deixar que o mercado funcione e, por via disso, denuncie a boçalidade e a péssima qualidade do produto e dos produtores postos à disposição de um público quantas vezes condicionado pela sua própria impossibilidade de efectuar um «turn off».





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