29 agosto 2006
Roteiro de praias
O «roteiro» de Patrícia Agostinho transportou-me para uma leitura recente. Leitura de Verão em todos os sentidos. As Praias de Portugal – Guia do banhista e do viajante de Ramalho Ortigão (frenesi, Lisboa, 2002, conforme a 1ª edição de 1876).
Da Foz, «saudosa Foz, residência da minha infância» onde «toda a gente anda na rua sem outro destino que não seja sais de casa e voltar para casa», passando pela exclusiva Granja, à democrática Póvoa, onde o autor uma forma espantosa retrata o pescador poveiro, «poderoso e desdenhado», Espinho, Pedrouços («mansão oficial da vilegiatura burocrática de Lisboa», com o aspecto de «uma secretaria de Estado ao ar livre»), as estações de banhos que seguem até Cascais, Nazaré, onde a vida é «tão cómoda como na Ericeira», Vila do Conde, vila de «pescadores e rendilheiras», Setúbal, onde «os subúrbios são dos mais interessantes que pode apetecer o turista, o arquólogo, o naturalista» e as praias obscuras de Âncora, Apúlia, Furadouro, São Martinho do Porto entre outras são acutilantemente passadas a pente fino pelo autor.
Deixo para o fim a Figueira. «O viajante sente ao entrar na Figueira, no tempo dos banhos, uma impressão semelhante à que se experimenta penetrando nos gerais da universidade em dia lectivo. É a impressão do lente, do pedagogo, da aula. Tem-se uma espécie de terror mesclado de tédio. Há uma atmosfera especial de pedanteria, de rigor e de troça (…). E não obstante, nenhuma outra praia em Portugal possui as condições desta para tornar agradável a estação dos banhos».
Um regalo!
Da Foz, «saudosa Foz, residência da minha infância» onde «toda a gente anda na rua sem outro destino que não seja sais de casa e voltar para casa», passando pela exclusiva Granja, à democrática Póvoa, onde o autor uma forma espantosa retrata o pescador poveiro, «poderoso e desdenhado», Espinho, Pedrouços («mansão oficial da vilegiatura burocrática de Lisboa», com o aspecto de «uma secretaria de Estado ao ar livre»), as estações de banhos que seguem até Cascais, Nazaré, onde a vida é «tão cómoda como na Ericeira», Vila do Conde, vila de «pescadores e rendilheiras», Setúbal, onde «os subúrbios são dos mais interessantes que pode apetecer o turista, o arquólogo, o naturalista» e as praias obscuras de Âncora, Apúlia, Furadouro, São Martinho do Porto entre outras são acutilantemente passadas a pente fino pelo autor.
Deixo para o fim a Figueira. «O viajante sente ao entrar na Figueira, no tempo dos banhos, uma impressão semelhante à que se experimenta penetrando nos gerais da universidade em dia lectivo. É a impressão do lente, do pedagogo, da aula. Tem-se uma espécie de terror mesclado de tédio. Há uma atmosfera especial de pedanteria, de rigor e de troça (…). E não obstante, nenhuma outra praia em Portugal possui as condições desta para tornar agradável a estação dos banhos».
Um regalo!