01 fevereiro 2015

 

As ondas de choque do sismo da Grécia


 

A eleição do Syriza já começou a produzir efeitos, tanto à esquerda, como à direita. Para uns, é a abertura de uma passagem, ainda tacteante e incerta, mas cheia de esperança, no espaço monolítico da União Europeia. É ver as ondas de entusiasmo que se sucederam em diversos países, com manifestações grandiosas de afirmação de outras alternativas à política de asfixia dos povos subjugados ao diktat alemão, como sucedeu em Espanha; para outros, é o espectro terrível que vem ameaçar o programa ideológico que os governos dos países dominantes na União Europeia, com destaque para a Alemanha, e com a ajuda do FMI, se propunham levar a cabo, sacrificando sobretudo assalariados, pensionistas e classes médias, em prol de uma Europa retintamente capitalista.

A sanha destes últimos é indisfarçável. Veja-se o Sr. Schauble, a mover-se na sua cadeira de rodas e a vociferar que «é difícil chantagearem-nos». Veja-se Rajoy, em Espanha, ante a gigantesca manifestação do “Podemos”, que promete secundar o Syriza, a discursar em autêntico histerismo que «não o permitiremos, não o permitiremos». Veja-se o similar histerismo de Portas e a aparente frieza de Passos Coelho, mas que não é senão capa para um ressentimento que aflora pelos interstícios.

Compare-se a cara de pau do presidente do Eurogrupo, a espreitar através das suas lunetas germânicas, com a determinação de Yanis Varoufakis, o novo ministro das Finanças grego, e a despedida macaca com que aquele brindou este no final do encontro.

 





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