16 setembro 2007
"A minha galinha é melhor do que a da vizinha".
Os media e a mediatização de acontecimentos aparentemente comuns da vida, têm destas coisas. No particular caso da menina desaparecida no Algarve, resvalaram para um perfeito histerismo comunicacional a nível global nunca visto. Por cá, parece-me, fez soar, para além do mais, o mais bacoco nacionalismo, segundo o qual o desfecho de mais uma investigação criminal (igual a tantas outras) coloca em jogo o orgulho lusitano face ao estrangeiro, em particular, face ao “aliado” britânico com que sempre a alma portuguesa esquizofrenicamente se relacionou.
Vêm-me à memória as roupas brancas e as velas nas janelas que, nos idos de 1999, enfeitaram as cidades portuguesas, alegadamente, em nome da luta pelo direito à auto-determinação do povo timorense que, desde 1975 (e só desde então, ouvia-se), sofria as opressões de um ocupante déspota. Nessa época, ainda que travestida de luta intransigente e responsável pelos direitos humanos, tratava-se, também, da defesa daquele orgulho lusitano, desta vez em tons de quase-neo-colonialismo, em que o que mais ordenava era, acima de tudo, o facto de, naquele pequeno canto, se falar (em muito pequena parte, diga-se) português.
Também aí (ainda que, reconheço, com algum fim válido), se lia o tal nacionalismo pacóvio, resumido (como estes nacionalismos normalmente se resumem) ao mero e desvalioso “a minha galinha é melhor do que a da vizinha”.
Serão estas as “razões que são conhecidas” que determinaram a reacção de algumas instâncias oficias portuguesas à causa do Tibete, personalizada, nestes dias, pela presença de Dalai Lama em Portugal? De facto, e como é óbvio, não se fala português no Tibete.
O frenzy mediático é, nos dias que correm, incontrolável e inevitável. Parece-me, contudo, que os tempos dos mapas cor-de-rosa já passaram e que é necessária uma abordagem serena e mais responsável, seja a meras investigações sobre factos com relevância criminal, seja a causas quase perdidas em que a questão está no básico direito à auto-determinação dos povos. Independentemente de umas venderem jornais e publicidade e outras nem por isso.
Vêm-me à memória as roupas brancas e as velas nas janelas que, nos idos de 1999, enfeitaram as cidades portuguesas, alegadamente, em nome da luta pelo direito à auto-determinação do povo timorense que, desde 1975 (e só desde então, ouvia-se), sofria as opressões de um ocupante déspota. Nessa época, ainda que travestida de luta intransigente e responsável pelos direitos humanos, tratava-se, também, da defesa daquele orgulho lusitano, desta vez em tons de quase-neo-colonialismo, em que o que mais ordenava era, acima de tudo, o facto de, naquele pequeno canto, se falar (em muito pequena parte, diga-se) português.
Também aí (ainda que, reconheço, com algum fim válido), se lia o tal nacionalismo pacóvio, resumido (como estes nacionalismos normalmente se resumem) ao mero e desvalioso “a minha galinha é melhor do que a da vizinha”.
Serão estas as “razões que são conhecidas” que determinaram a reacção de algumas instâncias oficias portuguesas à causa do Tibete, personalizada, nestes dias, pela presença de Dalai Lama em Portugal? De facto, e como é óbvio, não se fala português no Tibete.
O frenzy mediático é, nos dias que correm, incontrolável e inevitável. Parece-me, contudo, que os tempos dos mapas cor-de-rosa já passaram e que é necessária uma abordagem serena e mais responsável, seja a meras investigações sobre factos com relevância criminal, seja a causas quase perdidas em que a questão está no básico direito à auto-determinação dos povos. Independentemente de umas venderem jornais e publicidade e outras nem por isso.