28 fevereiro 2008
Notícia sem referência em jornal de referência
No "Público" de anteontem vinha uma "notícia" (já explico por que ponho as aspas)bombástica, que ocupava toda a p. 10, e com chamada na 1ª p., com o seguinte título "Desembargador acusa juízes de falsificação", juízes esses que são, como logo aí se informa, todos de tribunais superiores.
Seria de esperar que a divulgação junto da opinião pública de uma tal denúncia, pondo em causa decisões de altas instâncias do Estado, como o CSM, o STJ e o TConstitucional, e referindo-se a uma alegada "falsificação" dolosa, fosse rodeada do maior rigor e pormenor. Mas nada disso acontece. A "notícia" baseia-se exclusivamente na versão de um juiz-desembargador anónimo, que se refugia no anonimato para proferir acusações gravíssimas, com a complacência/cumplicidade do jornalista, que se limita a reproduzir as queixas e a solidarizar-se com o "juiz-vítima", "encurralado no labirinto da Justiça".
Mas não é só o anonimato da "vítima-denunciante" que choca e viola as regras elementares do jornalismo. Também não foram respeitadas outras regras primárias, como aquelas que impõem o contraditório e um mínimo de investigação para apurar da veracidade do teor do texto.
Nada disso o jornalista fez. Ele limitou-se a dar voz a uma queixa, cuja fiabilidade não verificou, violando o código jornalístico.
Por isso, aquela "notícia" afinal não o é. É, sim, uma "encomenda", sabe-se lá com que intenções.
Reivindicando-se o "Público" permanentemente da condição de jornal de "referência", esta "notícia" revela o nível a que a nossa (pretendidamente) melhor imprensa chegou.
Seria de esperar que a divulgação junto da opinião pública de uma tal denúncia, pondo em causa decisões de altas instâncias do Estado, como o CSM, o STJ e o TConstitucional, e referindo-se a uma alegada "falsificação" dolosa, fosse rodeada do maior rigor e pormenor. Mas nada disso acontece. A "notícia" baseia-se exclusivamente na versão de um juiz-desembargador anónimo, que se refugia no anonimato para proferir acusações gravíssimas, com a complacência/cumplicidade do jornalista, que se limita a reproduzir as queixas e a solidarizar-se com o "juiz-vítima", "encurralado no labirinto da Justiça".
Mas não é só o anonimato da "vítima-denunciante" que choca e viola as regras elementares do jornalismo. Também não foram respeitadas outras regras primárias, como aquelas que impõem o contraditório e um mínimo de investigação para apurar da veracidade do teor do texto.
Nada disso o jornalista fez. Ele limitou-se a dar voz a uma queixa, cuja fiabilidade não verificou, violando o código jornalístico.
Por isso, aquela "notícia" afinal não o é. É, sim, uma "encomenda", sabe-se lá com que intenções.
Reivindicando-se o "Público" permanentemente da condição de jornal de "referência", esta "notícia" revela o nível a que a nossa (pretendidamente) melhor imprensa chegou.