04 fevereiro 2015

 

O recuo


 

Em Portugal, os políticos ligados à maioria andam em pulgas, por causa do Syriza. Um tanto identificam o partido grego com a extrema esquerda, confundindo esta com radicalismo e ignorando que, na situação actual, mesmo os partidos radicais, não vão além da social-democracia – um ideário que, para um neoliberal, deve ser de extrema esquerda - e outro tanto falam de recuo a propósito das posições que os dirigentes do Syriza têm assumido.

O mote do recuo serve, aliás, de leitmotiv a todos os discursos dessa maioria. Até faz impressão. Talvez o que eles queiram, no fundo, é esconder o seu próprio recuo. Este parece inevitável, face ao êxito que parece adivinhar-se na campanha de sensibilização do Syriza. Há várias portas que têm sido abertas e uma coisa parece certa: as coisas na Europa vão modificar-se, por empenho do partido ganhador da Grécia. A austeridade vai ter que ser inflectida e as condições de pagamento das dívidas públicas vão ter que ser encaradas de outro modo. Até o presidente Obama se ofereceu para propiciar um entendimento entre o Syriza e as instituições europeias, e permitiu-se criticar a política de austeridade que tem sido adoptada, aconselhando a taxar as maiores fortunas.

Assim, é a política da maioria que está em vias de ser posta em causa, não só dentro do país, como tem sido, mas agora também a nível da própria Europa. É uma derrota colossal. É dizer que a política seguida foi totalmente errada.

É isso, provavelmente, que eles querem encobrir.   





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