15 dezembro 2013

 

O Uruguai na vanguarda

O Uruguai tomou a linha da frente em matéria de política de drogas, concretamente de cannabis. Não estamos já na abordagem "pragmática/envergonhada" da Holanda. Já não se trata de fechar os olhos à venda de haxixe. Trata-se, sim, de frontalmente legalizar/regular o comércio dessa droga, como de uma mercadoria que é, embora perigosa, e por isso se adotam as cautelas necessárias, como acontece com a venda de fármacos. Trata-se obviamente de uma rutura assumida de frente e sem apresentação de desculpas com a política proibicionista que desde 1961 os EUA impuseram ao mundo inteiro, desencadeando uma guerra interna contra os negros pobres, e exportando essa guerra para os países produtores ou de trânsito, como o México, a Colômbia, o Brasil... Talvez nenhuma outra política penal tenha sido tão mortífera, tão cruel, tão desumana. A "guerra civil" na fronteira entre o México e os EUA, a guerra de guerrilha nas favelas do Rio de Janeiro, e outras guerras internas pelo mundo fora estão aí para atestar o desastre humanitário do proibicionismo. A ONU está contra evidentemente, dominado como está o seu organismo especalizado nas drogas pelos americanos. Também quando Portugal descriminalizou o consumo sofreu a excomunhão de tal organismo. Hoje, a política portuguesa, com todas as suas limitações, recebe elogios internacionais... O Uruguai resolveu apostar tudo duma só vez. Poderá dizer-se que a política internacional sobre o haxixe (pelo menos sobre o haxixe) se joga agora no Uruguai, nos próximos anos. Uma derrota seria trágica. Uma vitória terá repercussões inevitáveis em todo o mundo. Saudemos o Uruguai. Não é por serem pequenos que os países estão impedidos de marcar a história e indicar rumos novos ao mundo.





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