25 novembro 2013
Soares II
O gesto de Soares, ao
tocar a rebate e reunir na Aula Magna gente muito diversificada, representativa de variados sectores da sociedade
portuguesa, da esquerda ao centro-direita, das organizações sindicais e do
movimento dos reformados, bem como algumas
figuras importantes da cultura, do clero e de militares que já não estão no activo, tem
um significado de urgência cívica e política evidentes.
É preciso haver quem,
com o carisma de Soares, pese embora a sua provecta idade e a sua notória
debilitação física, consiga reunir o mais alargado leque de pessoas para despertar
as consciências e mostrar que o caminho não é o da inevitabilidade do chamado “pensamento
único” e do retrocesso que nos tem sido imposto.
Não estamos,
efectivamente, numa ditadura, mas, como aqui escrevi há tempos, as saídas para
a situação estão praticamente bloqueadas, a isso acrescendo a tentativa de
bloqueio do Tribunal Constitucional, com as constantes pressões sobre os seus
juízes no sentido de só poderem decidir chancelando as medidas tomadas, como se
o Tribunal Constitucional devesse obrigatoriamente solidarizar-se com o poder
da maioria, sob pena de precipitar uma catástrofe.
É como se a democracia
devesse ficar em suspenso, devesse ser uma mera democracia de fachada.