11 setembro 2006
"Comemorando" o 11 de Setenbro de 2001
Como era previsível, o noticiário de hoje tem sido ocupado pelas "comemorações" do 11 de Setembro de 2001. O respeito que é devido pelas vítimas não pode escamotear que outros acontecimentos mais recentes (para não falar dos já remotos bombardeamentos de Hamburgo e de Dresden pelos "aliados" ou de Hiroxima e Nagasaki pelos EUA) foram muito mais devastadores em termos de vidas e bens (Iraque, ex-Jugoslávia, Palestina, Líbano).
A repercussão deste 11 de Setembro (porque houve outros também memoráveis) deve-se naturalmente ao facto de ter ocorrido no coração dos EUA, assim pondo termo a uma sensação de invulnerabilidade do seu território que governantes e governados americanos experimentavam.
Discute-se muito se o mundo mudou irreversivelmente depois dessa data. Quem defende a tese da mudança pretende no fundo é afirmar que o mundo precisa de uma "autoridade" forte, de um "poder central" acima do direito e de quaisquer regras que não sejam a que esse poder dita. Sabemos como se chama esse poder e a que resultados chegou a estratégia que prossegue.
O mundo não precisa de um Leviathan, mas de direito e diplomacia. A estratégia da "guerra ao terrorismo" (como se "terrorismo" fosse uma entidade ontologicamente unificada, um ser identificável ou individualizável, a encarnação do "mal") é um desastre humanitário e mesmo militar. Quantas vidas serão ainda precisas (vidas dos vários mundos hierarquizados em que vivemos, ou seja, do primeiro mundo, as mais preciosas, as dos seus arredores e as dos "estados párias") para fazer inverter o caminho?
A repercussão deste 11 de Setembro (porque houve outros também memoráveis) deve-se naturalmente ao facto de ter ocorrido no coração dos EUA, assim pondo termo a uma sensação de invulnerabilidade do seu território que governantes e governados americanos experimentavam.
Discute-se muito se o mundo mudou irreversivelmente depois dessa data. Quem defende a tese da mudança pretende no fundo é afirmar que o mundo precisa de uma "autoridade" forte, de um "poder central" acima do direito e de quaisquer regras que não sejam a que esse poder dita. Sabemos como se chama esse poder e a que resultados chegou a estratégia que prossegue.
O mundo não precisa de um Leviathan, mas de direito e diplomacia. A estratégia da "guerra ao terrorismo" (como se "terrorismo" fosse uma entidade ontologicamente unificada, um ser identificável ou individualizável, a encarnação do "mal") é um desastre humanitário e mesmo militar. Quantas vidas serão ainda precisas (vidas dos vários mundos hierarquizados em que vivemos, ou seja, do primeiro mundo, as mais preciosas, as dos seus arredores e as dos "estados párias") para fazer inverter o caminho?