06 agosto 2008

 

O peso político da elegância

Independentemente de os regimes serem de direita ou de esquerda, socialistas ou neo-liberais, conservadores ou progressistas (para quem tenha ainda essas distinções como muito relevantes), uma coisa é certa: os líderes têm uma virtude em comum: primam por vestir o mais elegantemente possível, sem complexos nem inibições. Assim é que Nicolas Sarkozi, Tony Blair, Vladimir Putine, Georges Bush, Bill Clinton e José Sócrates, a acreditar na revista “Visão” de 31 de Julho, têm os seus nomes ligados à famosa “House Bijan”, a casa do estilista iraniano que se fixou em 1973 na Rodeo Drive, de Bevery Hills, em Los Angeles e que veste personalidades do mundo inteiro por preços à altura da magnífica elegância dessas personalidades (30 mil euros pode custar um fato de homem). O atendimento é muito personalizado, muito íntimo e muito discreto: só por marcação.
Todos os anos, a casa distingue os 250 homens «mais poderosos e com mais estilo» do mundo, ou não fosse o poder, incluindo o poder político na era pós-modernista, uma questão de estilo e elegância mundana. Sócrates figurará (entre políticos, actores de Holywood e outras celebridades) na lista mais recente dos 250 distinguidos, com direito a retrato na vitrine, elevando-se assim, por eleição da Bijan (e certamente por mérito próprio), ao nível de tão díspares, quanto polémicas estrelas politicas mundiais.
O gabinete do primeiro-ministro garante que Sócrates não é cliente da “Bijan” e desconhece a distinção. Por seu turno, “House Bijan” diz que não comenta «nenhuma informação sobre nenhum cliente, ou acerca de qualquer cliente que tenha sido alvo de alguma distinção, no que respeita aos artigos que comprou, que alguém comprou por ele, ou quando o fez.» Uma questão de sigilo profissional. Seja como for, não deixa de ser interessante que a atenta e porventura astuta “House Bijan” tenha descoberto, num país remoto como Portugal e de dimensão tão insignificante no mapa europeu (quanto mais no mapa-mundi) o poder e o estilo do nosso primeiro-ministro.





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