12 janeiro 2011

 

Ódio, intolerância e extremismo na vida política americana

Os EUA, já se sabe, são um dos países com maior índice de violência no mundo.
Mas não é só a taxa elevadíssima de homicídios e de crimes graves contra as pessoas que releva. É que a violência está difundida na quotidiano, na "normalidade" da vida diária.
Por vezes, cada vez mais, segundo parece, essa violência tem focos mais intensos, que redundam em verdadeiros massacres (nas ruas, nas escolas, em locais de diversão), muitas vezes por motivos, aparentemente, banais ou fúteis, e cometidos por pessoas, aparentemente, "normais".
Esta violência difusa tem evidentemente as suas causas. A primeira, indesmentível, é a facilidade de acesso às armas. Os EUA, não se esqueça, são o país da garantia constitucional do direito à detenção de armas (um país de pistoleiros, poderá dizer-se com fundamento). Quanto mais armas estiverem nas mãos das pessoas (mesmo das "pessoas de bem") mais tiros haverá, mais mortos serão contados. É evidente.
Mas o que é mais preocupante, até porque relativamente novo, é a intromissão da violência no discurso, no debate, na vida política daquele país. Uma violência que passa facilmente do plano verbal para a prática concreta de violência física.
Não é apenas a violência contra os "inimigos sociais", os imigrantes, os indocumenbtados, os muçulmanos... Mas também contra os adversários políticos, convertidos também em "inimigos" a abater.
O caso da deputada democrata do Arizona, Gabrielle Giffords é exemplar. Em Novembro passado, na campanha para as eleições para o Congresso, o seu adversário republicano, um tal Jesse Kelly, simpatizante do Tea Party, divulgou um cartaz de propaganda em que aparecia armado com uma metralhadora e com a legenda "Mandem um guerreiro para o Congresso". Expressivo e significativo, não é?
Agora, um rapazinho de 22 anos disparou contra ela, deixando-a à beira da morte, e matando simultaneamente 6 pessoas, entre as quais um juiz federal. Uma chacina à americana. Agora dizem que o rapaz é "desequilibrado". Mas o xerife da localidade onde foi cometido o crime não se deixou enganar e pôs o dedo na ferida, condenando a "retórica abominável" e a "propensão para a violência" que caracteriza a vida política do Arizona, que caracterizou como "Meca da intolerência e do preconceito".
Quem semeia ventos colhe tempestades. O Tea Party e a radicalização do Partido Republicano começam possivelmente a dar os seus (amargos) frutos.
Obama guardou um minuto de silêncio, a actividade do Congresso foi suspensa por um dia. Muito bonito. Mas não vai chegar.
Os demónios do extremismo estão à solta e quem gostaria de os travar não tem força suficiente para o fazer.





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