24 agosto 2011

 

Cyrus Vance retira, vencido

O MP de Nova York retirou a acusação contra DSK. As provas evidentes e incontestáveis de violação da cidadã guineense, que permitiram ir apanhá-lo já dentro do avião (uma operação tipicamente americana) e apresentá-lo ao mundo algemado (outra operação típica dos States), esfumaram-se rapidamente.
É um estoiro monumental para o MP de Nova York. O filho de Cyrus Vance, com esta derrota, já não tem troféu para entrar nos corredores de Washington...
É também um estoiro para a própria justiça penal americana, que mostrou neste caso à saciedade a típica ligeireza com que actua, o notório desprezo pelo princípio da presunção de inocência, os obscuros ou ínvios interesses que movem o MP.
Este estoiro poderia servir para uma reflexão interna (interna de lá, entenda-se) sobre o sistema. Mas é muito duvidoso que tal aconteça. O processo penal americano é o mais inquisitório, o mais politicamente controlado e o mais barato do chamado mundo ocidental. Só 5% das causas chegam a julgamento. As restantes 95% são decididas por negociação, o que desequilibra francamente o processo a favor do MP. Como prescindir destas vantagens?
É um processo penal acentuadamente administrativo, não judicial. É um labirinto, em que só os ricos se safam. Aqueles que não podem escolher bons (e caros) advogados o que têm a fazer é confessar (ainda que estejam inocentes...) e negociar a pena com o MP...
Não tivesse DSK os meios de fortuna que tem, não tivesse ele escolhido uma equipa (perdão, um batalhão) de defesa impressionante, e outro galo teria cantado...
Quanto aos admiradores do processo penal americano cá do burgo, certamente irão dar a volta ao prego e acabar por justificar e elogiar a reviravolta, porque o amor é cego!





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