04 março 2012

 

Manifesto contra a metadona ou o gato escondido com o rabo de fora

A direita política e ideológica detesta a redução de danos em matéria de toxicodependência. É um ódio sobretudo ideológico, que aposta na "desintoxicação", na "abstinência do vício", na "limpeza do corpo e da alma" como única estratégia contra o "mal". Tratar um toxicodependente é, para ela, sobretudo salvar a alma através da abstinência. E quem não aceitar a salvação, será condenado ao abandono, será entregue ao diabo. Por isso a política de redução de danos, nomeadamente na vertente da administração de substâncias de substituição, e a face mais visível da sua execução, o dr. João Goulão, presidente do IDT (até ver...), são sistematicamente zurzidos pelos ideológos de serviço, em nome dos grandes ideais salvíficos, de que as comunidades terapêuticas, vocacionadas para o "tratamento", são os grandes pilares. Mas, por detrás desses ideais, espreitam outros motivos, mais comezinhos... Ora, vejamos. No manifesto "Novo Impulso - a mudança necessária", recentemente assinado e divulgado por 36 comunidades terapêuticas, defende-se que deveria existir um prazo-limite prévia e genericamente definido para a duração do programa de substituição, findo o qual, seria proposto ao dependente um leque de propostas, "onde se incluiriam a desabituação física, entrada em comunidade terapêutica e formação profissional." Pois é, o que é preciso é arranjar clientes para as comunidades terapêuticas. A redução de danos, permitindo aos dependentes viverem com autonomia e inseridos na família, no emprego, na sociedade, é o maior inimigo de tais comunidades, tira-lhes os clientes...





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