14 outubro 2012

 

Intervenção cardinalícia intempestiva

Nesta conjuntura de ampla e diversificada contestação social ao projeto político da maioria governante, que atinge duramente (quase) toda a gente e desperta justamente essa contestação, o Cardeal Patriarca, habitualmente reservado, resolveu vir em socorro do governo. Está preocupado com a "corrupção" da democracia, não (note-se) com a corrupção do projeto político e social ínsito na Constituição e nas leis, mas sim com a "corrupção da harmonia democrática" que, em seu entender, as manifestações de rua provocam... Para ele, pelos vistos, a "harmonia democrática" é a submissão silenciosa a toda e qualquer e agressão do poder constituído. Ignora de todo o direito de resistência contra a tirania. Ignora mesmo o direito de manifestação, um direito elementar em qualquer estado de direito... Quando estávamos a habituar-nos a ouvir vozes corajosas do lado da Igreja, surge agora a voz cavernosa do Concílio de Trento, que a Igreja ainda não conseguiu esquecer.





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