30 setembro 2012
António Manuel Hespanha
Na semana passada, o Professor António Hespanha foi alvo de uma justíssima homenagem pública por ocasião da sua “reforma”.
Conheci o Professor António Hespanha em 1980, na Faculdade de Direito de Lisboa, onde a sua forma de transmitir a História do Direito se distinguia claramente de outras que praticavam um ensino esclerosado e bafiento.
Assim, não foi de estranhar a sua curta estadia nessa Faculdade de onde, em circunstâncias normais, nunca deveria ter saído.
Reencontrei o Professor António Hespanha mais tarde e permaneço, desde sempre, profundo devedor da sua obra e admirador da extraordinária qualidade do seu trabalho, do seu permanente empenhamento de investigador, da sua infatigável produção científica em actualização constante e do seu inalienável exercício de cidadania.
Julgo, porque o testemunhei, que o reconhecimento interno que possui está bem longe da projecção e do respeito que o seu pensamento e a sua obra merecem no exterior.
As análises e a visão que sempre transmitiu do mundo dos juristas e do poder judicial, nomeadamente, dos seus limites e das suas vinculações, das suas arrogâncias e das suas supostas neutralidades continuam a ser ferramentas indispensáveis para perceber criticamente o percurso do veredicto jurídico.
A maior homenagem que lhe podemos fazer é a de continuar a ler e a reler a sua obra enquanto aguardamos, como sempre, pela próxima.