21 junho 2018
Eis o Mundial
Temos
agora futebol durante 24 horas por dia. Praticamente não há mais
nada que mereça a atenção dos media.
Sobretudo
a rádio e a televisão. Transmissão de jogos, espaço informativo
dos noticiários e telejornais, noticiários extra, comentários,
tudo isto de manhã à noite, sem descanso, varrendo ou obscurecendo
tudo o mais que vai sucedendo neste nosso mundo, redondo como uma
bola de futebol.
Bem
sei que estamos no Mundial e que as equipes, constituídas
tendencialmente por nacionais dos respectivos países (digo
“tendencialmente”, porque, por vezes, parece haver um certo
contorcionismo nisto da atribuição da nacionalidade a certos
jogadores) simbolizam os países de onde provêm e adquirem uma
dimensão nacional. É o liame afectivo que nos prende ao torrão
natal que nos faz vibrar em cada partida onde se joga a nossa
reputação e a nossa bravura, digamos assim. Mas isso não significa
que se deva reduzir o mundo todo à escala do futebol.
Embora
careçamos dos grandes feitos de outrora capazes de nos alçarem aos
cimos da glória, não vamos agora transformar o futebol no grande
empreendimento nacional, com Ronaldo, de certo o melhor jogador do
mundo, não duvido, a fazer as vezes de Vasco da Gama (ou mais do que
isso, mais do que isso). E deixem-me que lhes diga: aquela voz de um
relatador de futebol que aparece na rádio a gritar, arroubada,
desmanchada, tresloucada, Obrigaaaaado, Ronaaaldo
é uma vergonha.