14 dezembro 2013
Paradoxos
Paradoxos
Christine
Lagarde voltou a afirmar que a austeridade aplicada aos países “sob programa”,
como Portugal e a Grécia, foi excessivamente aplicada, sem se curar dos efeitos
que a mesma veio a ter no desenvolvimento da economia e no desemprego, e que se
deveria ter dado mais tempo a esses países para cumprirem as suas obrigações.
Excelentes
palavras amigáveis. O pior é que os técnicos da prestimosa instituição que
dirige, enquanto integrando a troika, não parecem ter a mesma opinião. Parecem
até ter a opinião contrária, o que nos leva a pensar na história do polícia bom
e do polícia mau. Ela diz: Coitados! Tão maltratados! Não mereciam isto. É uma
injustiça!
Eles,
por seu turno, os técnicos do FMI que cá têm vindo, nas costas dela, vão
fazendo coro com os outros da troika: É carregar nesses gajos. Têm de cumprir o
programa estabelecido dentro do prazo e apertar o cinto ainda mais. Ainda
aguentam.
Também
Passos Coelho afirmou: Concordo com a Senhora Christine Lagarde. O programa foi
mal lançado. O pior é que o governo aplicou a dose da troika reforçadamente,
isto é, aplicou em excesso a excessiva receita que eles nos deram e não queria
ouvir falar de alargamento do prazo.
E,
sendo assim, não se sabe o que é que significa aquela concordância com Lagarde.
Significa
que as palavras de Lagarde são levadas a sério e que agora o chefe do governo
se arrepende (neste caso, duplamente, pois foi duplo o erro cometido: um
excesso de um excesso)?
Significa
que as palavras de Lagarde não são levadas a sério, são mais uma manifestação exterior,
e que aquela concordância é apenas uma deferência diplomática para com os ditos
inconsequentes da directora-geral do FMI?