18 setembro 2006
Multiculturalismo
Os nossos jornais andam cheios de críticas azedas ao multiculturalismo das sociedades ocidentais, que as teria desarmado e exposto aos ataques dos inimigos terroristas vivendo "entre nós" (é uma força de expressão), aproveitando tudo o que "nós" lhes demos (mas então sempre há almoços grátis?) e, ingratos, ainda "nos" espetam facadas pelas costas (metáfora). O caminho a seguir seria exigir-lhes o respeito pelos "nossos valores", sem transigências com culturas incompatíveis com eles.
Esta é obviamente uma narrativa que está na linhagem do "fardo do homem branco" ou da "missão civilizadora do Ocidente", mal disfarçando contornos racistas ao incensar a superioridade da "civilização ocidental", ou seja, do homem branco.
O que estes pregadores apregoam é a intolerância pura e simples para com aquelas minorias identificadas como "inimigas", a imposição de um apartheid legal mais ou menos explícito (proibição do exercício de certos direitos, vigilância policial apertada, etc.), ou mesmo eventualmente a expulsão. A expulsão ou a conversão (receita outrora aplicada, lembremos, aos judeus portugueses, com sucesso, no final do sec. XV).
E os pregadores insistem: os "nossos valores" são universais, são bons para toda a gente, também para eles, portanto.
Arrogância e hipocrisa conjugam-se nesta alegação. Os "valores" por eles defendidos como universais são apenas os direitos civis, as liberdades cívicas, mas já não os direitos políticos, e de maneira nenhuma os direitos sociais e económicos. São os valores do mercado. São esses os valores do Ocidente.
A que, aliás nem todos têm acesso. Porque há os que ficam do lado de fora do "mundo dos valores", porque encontram as portas fechadas. São os que não conseguem passar para a outra margem do Rio Grande ou furar a muralha da Europa-fortaleza.
Portas fechadas em nome de que valores?
Esta é obviamente uma narrativa que está na linhagem do "fardo do homem branco" ou da "missão civilizadora do Ocidente", mal disfarçando contornos racistas ao incensar a superioridade da "civilização ocidental", ou seja, do homem branco.
O que estes pregadores apregoam é a intolerância pura e simples para com aquelas minorias identificadas como "inimigas", a imposição de um apartheid legal mais ou menos explícito (proibição do exercício de certos direitos, vigilância policial apertada, etc.), ou mesmo eventualmente a expulsão. A expulsão ou a conversão (receita outrora aplicada, lembremos, aos judeus portugueses, com sucesso, no final do sec. XV).
E os pregadores insistem: os "nossos valores" são universais, são bons para toda a gente, também para eles, portanto.
Arrogância e hipocrisa conjugam-se nesta alegação. Os "valores" por eles defendidos como universais são apenas os direitos civis, as liberdades cívicas, mas já não os direitos políticos, e de maneira nenhuma os direitos sociais e económicos. São os valores do mercado. São esses os valores do Ocidente.
A que, aliás nem todos têm acesso. Porque há os que ficam do lado de fora do "mundo dos valores", porque encontram as portas fechadas. São os que não conseguem passar para a outra margem do Rio Grande ou furar a muralha da Europa-fortaleza.
Portas fechadas em nome de que valores?