27 novembro 2006

 

Os privilégios dos jornalistas

O Governo resolveu mexer agora nos “privilégios” dos jornalistas, nomeadamente o que se refere ao sistema especial de saúde. Também era o que faltava andar o Governo a atacar os “privilégios” de todos os grupos profissionais da Administração Pública, e manter um desses “privilégios”, comparticipando no sistema de saúde de um grupo profissional privado, por muito que esse grupo o apoiasse no seu ataque aos “privilégios” dos outros. Vital Moreira, aliás, que – honra lhe seja feita! – tem exercido uma vigilância atentíssima sobre os “privilégios” de todos os grupos profissionais e até sobre os das populações de certas localidades, como aconteceu recentemente com a sua denúncia em matéria de financiamento dos transportes urbanos de Lisboa e Porto, Vital Moreira já tinha chamado a atenção para essa discrepância. O Governo parece tê-lo finalmente ouvido também neste ponto.
O curioso é ver como certos jornalistas e o seu Sindicato – José Manuel Fernandes assevera que se trata de uma posição ultraminoritária (honra lhe seja feita também pela sua louvável coerência!) - têm reagido. Indignam-se com a retirada do “privilégio” e afirmam que a sua profissão é de muito desgaste. Pois é! Também a minha profissão é de muito desgaste, e, quando o afirmo, não estou a brincar, por muito pouco a sério que seja levado. E os professores também têm uma profissão de grande desgaste, segundo asseveram. E os polícias. E os militares. E por aí fora. Todos os grupos profissionais exercem funções de grande desgaste.
De maneira que os jornalistas ultraminoritários que invocam o grande desgaste da profissão (nos quais se deve incluir a jornalista Maria Antónia Palla, mãe do ministro da Administração Interna) têm, afinal, esta particularidade: são iguaizinhos aos outros todos quando se trata de reagir ao ataque dos seus “privilégios”.





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