02 janeiro 2008

 

Ano novo,vida nova?

Terminou o ano de 2007; entrou 2008. Mas será que há um ano que acaba de vez e outro que começa de novo no fluir ininterrupto do tempo? Nada acaba de vez a não ser com a morte e nada começa de novo a não ser quando começa. Os velhos problemas entram sem cerimónia pelo ano novo dentro, sem receio algum (sem vergonha) das suas barbas brancas, e a mesma rotina de vida faz caminho pelo ano novo, seguindo trajectos que os nossos passos conhecem de cor. No dia seguinte à estúrdia estapafúrdia que assinala a passagem de ano, já tudo e todos entram nos eixos, rodando nos mesmos velhos carris de sempre. Ano novo? Que ano novo? Só se for por entrar em vigor a chamada lei do tabaco, que proíbe de fumar nos locais públicos e mesmo privados. Isto para que os portugueses, suaves como sempre, ou apenas portugueses, para seguirmos o exemplo das autoridades sanitárias de cortarmos nos adjectivos e higienizarmos a prosa como convém, possam ter o seu direito (europeu) a só serem poluídos pelas outras múltiplas poluições mortais e assim morrerem com os pulmões livres de nicotina.
Ano novo? Que ano novo? Só se for por aumentarem os preços dos produtos básicos, pois essa é a velha novidade que abre inevitavelmente os telejornais logo a seguir à passagem do ano. Enquanto esses preços sobem, os salários baixam, ao menos na medida em que não acompanham a subida do custo de vida. Olha a grande novidade! Olha o grande augúrio do ano que começa! Continuar a apertar o cinto.
Enquanto isso, a guerra do Iraque vai para o seu 5.º ano de loucura; o Afganistão continua mergulhado na sua grande barafunda; o Paquistão dá mostras de andar cada vez mais à deriva e constituir uma séria ameaça de disseminação de armamento nuclear; o Médio Oriente não sai da cepa torta; o equilíbrio ecológico mundial continua a enfrentar a resistência dos USA, que se estão nas tintas para esse equilíbrio, enquanto AL Gore, esse apóstolo convertido ao ambientalismo, prega dramaticamente no deserto.
Ano novo? Que Ano novo? Tudo é velho como a estupidez humana.





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