13 junho 2010

 

A I República, de novo

Interpelado expressamente pelo Paulo Dá Mesquita, venho exercer o meu direito de resposta e, de certa forma, exercer de novo o meu direito à indignação (não em relação ao meu interlocutor, evidentemente).
Efectivamente, a "tese" exposta naquela crónica pelo VPV é, digamos, uma súmula, retocada e "actualizada" (com a referência aos grupos "terroristas", quem sabe se ligados à Al-Qaida, que teriam dominado o poder na I República), de "O Poder e o Povo", que salvo erro serviu de tese de doutoramento em Oxford.
Não estou obviamente em condições de "refutar", do ponto de vista historiográfico, o livro. Refuto-o, sim, frontalmente, do ponto de vista ideológico, que assumidamente adopta uma perspectiva "revisionista" da história. Ou seja, à perspectiva republicana clássica, jacobina, VPV opõe uma perspectiva conservadora, anti-revolucionária. São duas "narrativas", nenhuma delas necessariamente melhor que a outra. Em qualquer caso, a tese de que a I República constituiu apenas um "estado de coisas", que a violência e a desordem era co-natural ao regime, coincidem ponto por ponto com a versão salazarista que eu tive de aprender na escola e que felizmente o Dá Mesquita já não foi obrigado a engolir.
Para rematar, direi que, em meu entender, não sendo historiador, a I República se integrou num ciclo de convulsões sociais e políticas que começou antes (1890-1891) e só terminou em 1931, com a revolução da Madeira, a última resistência à ditadura. A partir daí efectivamente acabaram as "desordens", mas para nosso mal! E daquele período de quarenta anos de convulsões a I República foi certamente um período decisivo para "actualizar" o País, para eliminar ancestralidades obsoletas, para abrir novos caminhos, muitos dos quais nem o Estado Novo fechou.





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