06 junho 2010
Poderá Israel mudar?
O ataque ao navio "Mavi Marmara" é inquestionavelmente uma brutal violação do direito internacional, mas não se trata de um acto isolado, nem de um acto impensado de um governo de extrema-direita (que de facto é).
A rebeldia perante a ordem jurídica internacional, e simultaneamente o uso desproporcionado de meios militares, está inscrita na prática política israelita desde pelo menos 1956, quando Israel invadiu o Canal do Suez, acentuando-se exponencialmente a partir da Guerra de 1967, como se sabe. O rapto de Eichmann, em Buenos Aires, em 1959, com ofensa grosseira da soberania de um estado democrático, acção directamente autorizada por David Ben Gurion, o "patriarca", marcou um estilo inconfundível de "acção directa", de que o assassinato em Dubai, em Janeiro deste ano, de um dirigente do Hamás constitui o último marco mais relevante. Golda Meir caucionou igualmente o mesmo tipo de actuação ao ordenar a perseguição do "comando de Munique".
Não foi, pois, a actual geração rasca de dirigentes (que efectivamente o são) que inventou o "modo de ser e actuar" israelita em termos de "segurança". Esse "estilo" foi inaugurado pela geração fundadora, e a permanente "compreensão" de grande parte da comunidade internacional, primeiro, do "Ocidente", depois, sempre na base da reparação do Holocausto, permitiu o actual estado de rebelião absoluta perante a ordem internacional e as mais elementares regras da convivência entre países e povos.
Poderá Israel algum dia mudar? Essa é indiscutivelmente a vontade dos israelitas mais lúcidos, mas que agora são uma minoria.
Mas creio bem que, independetemente da genuína vontade de mudar de alguns sectores, essa vontade, ainda que viesse a ser maioritária, dificilmente se concretizaria. Israel tem o "pecado original" de ser um estado étnico, o "estado dos judeus". E, enquanto assim for, nem os vizinhos o aceitam, nem Israel evolui para um estado "normal".
A rebeldia perante a ordem jurídica internacional, e simultaneamente o uso desproporcionado de meios militares, está inscrita na prática política israelita desde pelo menos 1956, quando Israel invadiu o Canal do Suez, acentuando-se exponencialmente a partir da Guerra de 1967, como se sabe. O rapto de Eichmann, em Buenos Aires, em 1959, com ofensa grosseira da soberania de um estado democrático, acção directamente autorizada por David Ben Gurion, o "patriarca", marcou um estilo inconfundível de "acção directa", de que o assassinato em Dubai, em Janeiro deste ano, de um dirigente do Hamás constitui o último marco mais relevante. Golda Meir caucionou igualmente o mesmo tipo de actuação ao ordenar a perseguição do "comando de Munique".
Não foi, pois, a actual geração rasca de dirigentes (que efectivamente o são) que inventou o "modo de ser e actuar" israelita em termos de "segurança". Esse "estilo" foi inaugurado pela geração fundadora, e a permanente "compreensão" de grande parte da comunidade internacional, primeiro, do "Ocidente", depois, sempre na base da reparação do Holocausto, permitiu o actual estado de rebelião absoluta perante a ordem internacional e as mais elementares regras da convivência entre países e povos.
Poderá Israel algum dia mudar? Essa é indiscutivelmente a vontade dos israelitas mais lúcidos, mas que agora são uma minoria.
Mas creio bem que, independetemente da genuína vontade de mudar de alguns sectores, essa vontade, ainda que viesse a ser maioritária, dificilmente se concretizaria. Israel tem o "pecado original" de ser um estado étnico, o "estado dos judeus". E, enquanto assim for, nem os vizinhos o aceitam, nem Israel evolui para um estado "normal".