30 setembro 2013

 

O poeta

Já que o Maia Costa se lembrou - e bem - de António Ramos Rosa, vou transcrever um dos poemas que ele citou e que é do primeiro livro publicado pelo poeta - O Grito Claro:



Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio

Não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação

Não posso adiar o coração 





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