27 janeiro 2014

 

Corporativismo(s)

O Presidente do STJ disse ao "Expresso" que "há uma dissemetria demasiado intensa entre a realidade e a perceção que a comunicação social tem da Justiça". O que foi ele dizer!... O editorialista anónimo do "Público" traduziu imediatamente aquela frase: "O problema não está na Justiça, mas nos jornalistas." Ora, como é sabido, todo e qualquer ataque aos jornalistas em geral é um ataque a cada jornalista em particular, como um ataque a um jornalista em particular é um ataque a toda a classe. E daí que o editorialista anónimo do "Público" tenha sentido legitimidade para lavar a honra de todos os jornalistas. E assim, citando estudos com alguns anos, mas a que chama "recentes", e invocando o insuspeito Daniel Proença de Carvalho, autoridade suprema (e desinteressada) no assunto, o editorialista anónimo arrasa a "Justiça". Admite porém algumas melhorias recentes, mas logo passa ao ataque contra os "agentes do setor" [sic]: hoje há quatro vezes mais juízes e magistrados do MP do que em 1974 e cada magistrado tem menos 20% de processos do que tinha então, mas as pendências duplicaram... E depois vêm os exemplos virtuosos (talvez inesperados): a Suécia, a Espanha, a Eslováquia... Todos eles com menos tribunais e com maior celeridade processual... Para o editorialista anónimo do "Público", que não cita as suas fontes estatísticas, o problema está nos "agentes do setor", sobretudo daqueles que ousam dizer que a perceção da comunicação social está algo desfocada... A honra de todos e de cada um dos jornalistas ficou lavada depois do enxovalho sofrido. (Será que a maioria dos jornalistas se revê neste tipo de atitude?)





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