11 janeiro 2014

 

A troika motor de reformas


Eis o que  disse o ministro Pires de Lima numa entrevista ao jornal Público do passado dia 9, a propósito dos compromissos com a troika:

Os compromissos têm uma componente boa, e uma que condiciona a economia. A  componente boa é a reformista, o facto de termos um ambiente mais concorrencial, de termos executado ou estarmos a executar algumas medidas que tornam o país menos burocrático. A troika tem tido um papel positivo porque acelerou a dinâmica destas reformas.

 

Aqui está, preto no branco, a identificação das elites dirigentes e, mais concretamente, do governo com o programa da troika. Ideologicamente, o governo sintonizou com as medidas da troika e até as aplicou em excesso, aproveitando o ensejo para fazer uma reviravolta e moldar o país segundo um programa ideológico que era o de certa inteligentzia da  direita desde há muito tempo. Desse ponto de vista, a crise foi uma benesse caída do céu para inverter, de uma assentada, o  rumo do país e ajustar contas com o “25 de Abril”, forçando a revisão da Constituição, mesmo sem o processo formal de revisão que ela própria prevê.

Desta forma, “soam a falso” as declarações de certos governantes no sentido de se mostrarem constrangidos com a presença da troika e de começarem a avocar a glória de libertarem o país da sua tutela.

 

Uma outra nota da entrevista, no respeitante ao orçamento para 2014.

Pires de Lima diz:

O Orçamento para 2014 tem uma dose de sacrifícios muito grande, mas vai mais pelo corte na despesa pública.

Ora, este corte na despesa pública é a expressão burocrática em uso para significar o abate dos funcionários públicos e dos reformados à dívida, segundo a estratégia política que tem vindo a ser seguida, de parceria com a troika.

 





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