08 agosto 2015

 

A campanha eleitoral


 

 

A campanha eleitoral começa em tropelia e de forma atabalhoada. Para não irmos mais longe, foi há dias a guerra das estatísticas, com a irritada declaração de Passos Coelho, os partidos da oposição em guerra com o governo e os trabalhadores do INE a reagirem em defesa da sua competência e honorabilidade profissionais. Agora vem a bronca provocada pelos cartazes do PS. O principal partido da oposição sai muito mal deste tão lamentável caso. Parece impossível como se fazem coisas tão desastradas e tão amadorísticas.

Colocar fotografias de certas pessoas, para vestirem o papel de vítimas da má governação social do governo, mas em que as situações referenciadas, embora reais, não correspondem às das pessoas retratadas, é um erro crasso e revelador de desconhecimento ou de atropelo de direitos fundamentais. Tanto assim, que as “vítimas” (porque o são) já reagiram e algumas ameaçaram processar o PS, de que, pelos vistos, são colaboradoras ou militantes.

Ao que afirmam, não lhes foi convenientemente explicado o sentido da colaboração pedida, nem explicitado o “se” e o “como” da publicidade que iria ser dada à sua imagem. Trata-se de uma grosseira violação de direitos fundamentais dessas pessoas, para além da malíssima imagem que se projecta no partido, não só por causa disso, como também pela falta de ética, de rigor e mesmo de abastardamento ideológico que o caso encerra. Como reagirão os eleitores depois disto? Afinal, o PS também aldraba ao falar das mistificações numéricas do governo, é o que dirão ou pensarão.

Mas também, pelo lado da coligação, para além da impaciência revelada a propósito das estatísticas, vai um frenesi verdadeiramente entontecedor e uma febre de mostrar, à última hora, brilharetes para engodar a massa anónima dos eleitores, que mete aflição. Afinal, o  “que se lixem as eleições” era só retórica e um sintoma, que se viria a revelar prolífico, de desvio entre o que se foi afirmando e prometendo e o que se foi fazendo.  





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