17 fevereiro 2016

 

Os media e o rigor informativo


 

 

 

Apreciei o artigo de Paquete de Oliveira no jornal Público da passada segunda-feira, dia 15 – “Por medo, realismo ou convicção?” Nesse artigo exautora a forma como grande parte dos media tem produzido informação nos últimos tempos, ignorando ou depreciando as qualidades de rigor e isenção jornalísticas e os preceitos do respectivo código deontológico, incluindo, embora em termos implícitos, o próprio jornal de que é provedor do leitor.

Escreve o sociólogo    que “… numa permissividade que o ilimitado reino da opinião permite, parece-me bastante claro que a opinião negativa, temerosa, destrutiva sobre a situação económica e financeira de Portugal ganha lugar primacial. Aqui, nem se pode dizer que há lugar a nacionalismos bacocos, como acontece em tantos outros campos de análise. Na sua grande maioria, jornalistas portugueses e a enorme constelação de comentadores com lugares ou colunas reservadas “vendem”, por estes dias, a imagem mais temerosa que desta nossa situação económica e financeira se pode ter. E sabe-se como neste domínio a má imagem que a comunicação social tende a formar é determinante para os sentimentos inculcados na opinião pública. (Por exemplo, conseguiram infundir na generalidade dos portugueses que este Orçamento é uma mentira pegada)”.

E mais adiante: “Foi notório o sucessivo alarme com que a grande maioria de jornalistas e comentadores “avisaram” do eventual chumbo da Comissão sobre o Orçamento português. Foram constantes as inquietantes notícias que transmitiam, a toda a hora, os press releases das agências de rating, e aliás das próprias instituições nacionais, conforme os ventos, prestimosas “zeladoras” das nossas contas (excepto as bancárias) que, efectivamente, não diferiram muito.”    

Subscrevo inteiramente estas considerações do Professor Paquete de Oliveira, com o  qual intervim várias vezes em debates organizados pelo Centro de Estudos Judiciários e por outras instituições, dele tendo guardado uma imagem de correcção, atenta escuta de opiniões alheias e uma cortês ou, talvez melhor, solidária interacção com os outros.

De facto, “a nossa actual paisagem mediática”, como ele diz, “é tendencialmente depressiva”, havendo, claro, excepções. “Mas são uma franca e quase desapercebida minoria”. E uma grande parte da legião de comentadores que pulula nos “media”, digo eu, não faz opinião. Faz militância político-partidária e ganha dinheiro com isso. É incrível o poder político-mediático que se instalou.





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