12 fevereiro 2016
"Tranquilizar os mercados" depois de os assustar...
Os "avisos" que a Comissão tinha emitido sobre o OE português agravaram-se ontem com a reunião do Eurogrupo, onde põe e dispõe essa ave de rapina chamada Schäuble. O governo alemão está seriamente desgostoso com o novo governo português. A própria Merkel já tinha dito que o "bom caminho" era o seguido por Passos Coelho. Na opinião dela, o povo português enganou-se nas eleições ao escolher um governo que quer "virar a página da austeridade". (Não há alternativa à austeridade! A austeridade é um dogma irrefutável e eterno!) E o perigo é que outros povos (por exemplo o espanhol) se enganem também. A Alemanha não pode tolerar que a mancha se espalhe pela Europa, é preciso atalhar o mal pela raiz. O povo grego já teve o que merecia ao votar no Syriza. Agora urge fazer o que for preciso com Portugal. E se a Alemanha não pode derrubar diretamente o governo português, dispõe de muitos trunfos para o encostar à parede, como fez ao grego. Depois dos avisos da Comissão sobre os "riscos" do OE, Schäuble não se conteve (ele tem dificuldade em conter o que lhe vai na "alma") e avisou Portugal, ainda antes da reunião do Eurogrupo de que "Portugal deve estar ciente de que pode perturbar os mercados financeiros, se der a impressão de que está a inverter o caminho que tem percorrido, o que será muito delicado e perigoso para Portugal." Os mercados reagiram a estes avisos conforme os avisadores pretendiam: com desconfiança em relação ao OE português e as inerentes consequências nas taxas de juro (pois como haviam de reagir?). Os dados estão pois lançados: o governo português está sob "vigilância" (liberdade vigiada) das instituições europeias. O garrote pode vir a apertar-se... A Alemanha não brinca, não sabe sequer brincar... E Portugal precisa urgentemente de aliados no Eurogrupo... Se não, um dia destes, Schäuble vai fazer a Portugal o que fez à Grécia: obrigar-nos a escolher entre a saída do euro ou a rendição total ao Eurogrupo.