22 janeiro 2016
A campanha e as subvenções dos políticos
A questão das
subvenções dos políticos veio, abruptamente, aquecer a campanha para as
presidenciais, de um modo geral muito morna e suscitando pouco interesse, desde
logo porque o candidato tido como antecipado ganhador (o que estará para ver)
fez, deliberadamente, da sua campanha um deserto de ideias e um permanente show de futilidades e petits divertissements. Como é que
muitos vêem no estilo desse candidato um modo novo de encarar a política e as
campanhas eleitorais é que eu não percebo, ou melhor, percebo: é um modo novo
na arte de empobrecimento da política e da redução desta a uma mera encenação
do vazio.
Mas, como estava a
dizer, o acórdão do Tribunal Constitucional sobre as subvenções dos políticos
veio agitar as águas numa campanha onde, como o candidato Vitorino Silva (o
“Tino de Rãs”) afirmou, na sua ingénua autenticidade, quase tudo se resume a intrigalhada. Com a exploração dessa questão
de uma forma mais ou menos demagógica por parte dos candidatos, ela acaba por
provocar um rombo sensível na campanha de Maria de Belém. E com razoável
justificação, já que o incidente completa todo um perfil político, juntando-se
à falada ligação da candidata, conquanto legal, a empresas da área da saúde,
sendo ao mesmo tempo deputada, e à sua postura inerte em relação aos cortes de
vencimentos e pensões dos funcionários públicos, contrastando com a sua tomada
de posição no pedido de apreciação da constitucionalidade da lei que sujeitava o
direito a receber as referidas subvenções vitalícias à condição de rendimentos – uma causa
incidente sobre interesses próprios dos requerentes e, portanto, da própria
candidata a Presidente da República.