03 novembro 2016

 

Por cá, a praxe


 

Também por cá o trogloditismo das praxes académicas parece ser do agrado de uma grande parte dos estudantes, a acreditar em inquéritos que têm sido efectuados. Novas formas de integração académica, sim, mas sem pôr de parte os rituais mais ou menos asselvajados de velhas praxes, que, tendo nascido na cidade do Mondego em tempos remotos, se espalharam, em plena fase democrática, por todo esse Portugal onde exista uma instituição qualquer de suposto ensino superior, depois de terem sido pretensamente abolidas na crise académica de 1969, que marcou o início do colapso do regime fascista.

Será certamente um paradoxo, mas a vida está cheia deles – que a praxe, uma manifestação de certo modo obscurantista, ainda para mais quando imitação bacoca ou grosseira de antigos rituais, se tenha rejuvenescido e alargado em plena era democrática.

A praxe já era tida por muitos espíritos lúcidos como o tipicismo provinciano de Coimbra.  Agora é o provincianismo da estudantada do Portugal inteiro. Envergonho-me de ver os rituais da praxe na Baixa de cidades como Lisboa e Porto, porque a estudantada vem para os centros das grandes cidades, em vez de se confinar  aos espaços académicos, precisamente por pensar que aquela mascarada de capas e batinas e caloiros trajados grotescamente às ordens dos encapados é uma coisa bonita de se ver. Os transeuntes deveriam era mostrar o seu enjoo, como uma forma salutar de rejeição daquelas práticas ancestrais.





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