30 março 2017

 

As virtudes britânicas

A anglossaxonofilia é um sentimento de que sofrem acentuadamente os nossos comentadores encartados. Agora que o Reino (des)Unido apresentou o requerimento de saída da UE, todos eles estão chorosos desta perda para a Europa. Teresa de Sousa é das mais inconsoláveis e inconformadas. Ontem escrevia no "Público": "O mundo anglo-saxónico, que construiu a ordem liberal em que vivemos, retira-se. Não é propriamente uma boa notícia." Esta é a narrativa oficial dos ditos comentadores: o "mundo anglossaxónico" é a pátria da liberdade e foi o educador do mundo inteiro! A Revolução Francesa é ignorada (ou censurada). Todas as revoluções e lutas na Europa e no resto do mundo pela liberdade, pelos direitos humanos, globalmente entendidos, são omitidas; o mundo limitou-se a copiar a cartilha liberal anglo-americana. Bela leitura (falsificação) da história. Na mesma linha, o editorialista Diogo Queiroz de Andrade exaltava o mesmo reino, "um ativo membro da comunidade internacional que nunca teve medo de intervir além-fronteiras". Efetivamente e infelizmente a Grã-Bretanha tem sido um membro demasiado ativo desde o sec XVIII, quando começou a construir um império imenso pelas várias partes do mundo, não tendo renunciado a múltiplas intervenções neocoloniais após o encerramento oficial do império. Como é possível esta exaltação do "intervencionismo" britânico, sendo tão recentes os casos do Iraque e da Líbia, por exemplo?





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