20 março 2006

 

Um outro feminismo

No sábado passado, saiu um artigo no jornal «El País» assinado por um grupo de mulheres, onde se incluem três magistradas, que intenta uma outra visão sobre problemas que concernem especificamente às mulheres e que têm vindo a ser alvo de produção legislativa em vários campos. As autoras, se bem que se congratulem com a preocupação do Governo de Zapatero pelos referidos problemas, por um lado exprimem o seu receio por uma excessiva tutela legislativa sobre a vida das mulheres e, por outro, demarcam-se de uma visão que tende a ver os homens e as mulheres como duas realidades «blindadas y opuestas», que faz das mulheres puras vítimas e dos homens, simples dominadores.
Entre os problemas que lhes merecem mais atenção estão o da violência de género, os problemas relacionados com o divórcio (pagamento de pensões, mediação familiar, custódia dos filhos) e a prostituição.
Relativamente à violência de género, discordam completamente da teoria do «impulso masculino de domínio» como único factor desencadeante da violência contra as mulheres, e mencionam outras condicionantes como a estrutura familiar e o seu papel no amortecimento ou criação de tensões , a educação religiosa, a escassa capacidade dos cônjuges para a resolução de conflitos, as dependências de vária ordem, como o alcoolismo e a toxicodependência. Por outro lado, opõem-se a um excessivo peso concedido ao que denominam de «filosofia do castigo», que sobretudo criminaliza condutas e busca em penas graves o remédio para todos os males da violência de género, quando, se é verdade que as situações de maus tratos devem ser punidas, a experiência demonstra que não é nas penas duras que está a solução.
Passando por cima dos problemas relacionados com o divórcio e saltando para o da prostituição, as autoras criticam vivamente as posições do «Instituto de la Mujer», que acusam de seguir a linha do feminismo puritano de reforma moral dos fins do século XIX e servindo de paliativo para perpetuar as péssimas condições em que as prostitutas exercem o seu trabalho.
Enfim, para estas mulheres, o feminismo não deve ser revanchista nem vingativo, mas visar sobretudo relações igualitárias, de respeito mútuo e saudáveis, relações de qualidade entre mulheres e homens.





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