08 janeiro 2008
Os vigilantes de outros tempos
O olho vigilante
Era preciso amar de pé
amar depressa
amar contra a parede
contra o medo
atrás da porta
sobre a pedra
no mais pequeno espaço conquistado
ao olho vigilante.
Onde menos se esperava ele
Espreitava.
Atrás do espelho
sob a cama
nas mangas nas golas nos biombos
na agulha na tesoura no dedal
no livro único
na tia nas torradas
na novena
ele espreitava.
O olho vigilante.
À coca.
Era o Estado era a mãe era
a virtude
era o pecado e o remorso e a
castidade.
Mas apesar de tudo era tão bom
de noite em pé à pressa no Penedo
da Saudade.
(Manuel Alegre – Coimbra Nunca Vista – 1995)
Era preciso amar de pé
amar depressa
amar contra a parede
contra o medo
atrás da porta
sobre a pedra
no mais pequeno espaço conquistado
ao olho vigilante.
Onde menos se esperava ele
Espreitava.
Atrás do espelho
sob a cama
nas mangas nas golas nos biombos
na agulha na tesoura no dedal
no livro único
na tia nas torradas
na novena
ele espreitava.
O olho vigilante.
À coca.
Era o Estado era a mãe era
a virtude
era o pecado e o remorso e a
castidade.
Mas apesar de tudo era tão bom
de noite em pé à pressa no Penedo
da Saudade.
(Manuel Alegre – Coimbra Nunca Vista – 1995)