31 março 2008

 

Uma precoce carreira criminal

Para ilustrar a conhecida tese da “escalada”, segundo a qual a prática de pequenas infracções na idade jovem, aparentemente sem importância, pode conduzir, ou melhor, conduz normalmente, se não for travada a tempo, à construção de um destino criminoso, apresenta-se aqui a história criminal do Menino Zezinho, sem quaisquer comentários, por desnecessários.
Aos 3 meses o Menino Zezinho, quando mamava, mordeu o mamilo esquerdo da mãe, que quase ficou a sangrar. Houve logo familiares que prudentemente aconselharam que se participasse o facto ao tribunal de menores competente, mas a mãe (e vítima) opôs-se veementemente.
Com 4 anos o Menino Zezinho mordeu um colega de infantário, deixando-lhe as marcas dos dentes num braço. A única sanção que sofreu foi a transferência de sala.
Jogando a bola com a turma, aos 7 anos de idade, o Menino Zezinho, pregou uma tremenda canelada num adversário, provocando-lhe um inchaço, mas o árbitro não viu e ele ficou impune.
Já com 12 anos o Menino Zezinho agarrou, por motivo fútil, no braço de um colega e ameaçou-o que de lhe partir os cornos, ameaça que foi levada a sério, tendo a vítima decidido inicialmente queixar-se ao tribunal de menores, do que desistiu quando lhe chamaram a atenção para a delicadeza da prova a produzir. Mais uma vez beneficiou da impunidade.
Já na Universidade, aos 20 anos, o Menino Zezinho ousou pôr em dúvida e mesmo contestar a tese de um professor catedrático, o que levou este a encarar a hipótese de suicídio. O Menino Zezinho, punido inicialmente com a expulsão da Universidade, beneficiou depois de uma amnistia.
Coroando esta carreira de violência, aos 25 anos o Menino Zezinho esmagou completamente um gato que estava pacificamente estacionado debaixo de um pneu do seu automóvel. Apresentada queixa em tribunal pela Associação Protectora dos Animais, que se constituiu assistente no processo, o Menino Zezinho conseguiu isenção de pena, depois de apresentar formalmente desculpas a toda a comunidade felina, ali representada por aquela Associação.
Contudo, este crime estigmatizou-o e isolou-o de tal forma na sua cidade que teve de mudar para local desconhecido.
No entanto, para onde quer que tenha ido, a sua personalidade criminosa não tardará a manifestar-se. Cuidado com o Menino Zezinho!





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