23 fevereiro 2010

 

Faulkner

Já que Maia Costa relatou a sua experiência com «O Som e a Fúria» e recomendou a sua leitura ou releitura, também gostava de relatar a minha experiência de leitor dessa obra magna de Faulkner. Li o livro quando estava em Coimbra. Fiquei com uma vaga impressão geral. Ao longo do tempo viria a ler uma série de obras de Faulkner. A obra que eu mais li dele foi «Palmeiras Bravas», com tradução de Jorge de Sena, que também fez o prefácio. Um livro fascinante. Li sempre os livros de Faulkner mais do que uma vez, excepto «O Som e a Fúria». Até que, em anos mais recentes, li «Absalon, Absalon!». Um livro difícil, que me obrigou a relê-lo nas férias seguintes, munido de bloco de apontamentos. Em seguida, pensei em ajustar contas com «O Som e a Fúria», e empreendi a sua releitura. Fiquei de tal maneira perplexo, que, mal acabada a leitura, voltei ao princípio. Só então, reconstituindo os elementos-chave com paciência, servindo-me de notas cuidadosamente tomadas, comecei a vislumbrar alguma claridade. Lembrei-me daquela frase de Marx que dizia mais ou menos isto: para atingir as culminâncias do saber ⌠eu acrescentaria: e da beleza⌡, é preciso arriscar-se a subir árduas montanhas.
A síntese feita por Maia Costa é uma bela síntese. Para responder ao seu apelo, não digo que não volte à releitura do livro. É que há livros inesgotáveis. O contrário dos “best-sellers” actuais, que se lêem como perecíveis objectos de consumo.





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