05 dezembro 2010

 

A crise e o interesse nacional

O PS, o PSD e o CDS, o primeiro depois de recalcadas veleidades de desvio por parte de alguns deputados, sob ameaça de demissão do presidente da bancada, lá livraram certas empresas públicas de pagarem ao fisco somas muito significativas de impostos, a incidirem sobre os milhões de dividendos que foram antecipadamente distribuídos pelos accionistas para se furtarem exactamente a pagar aqueles impostos, caso tivessem sido distribuídos, como seria normal, para o ano que vem. A manobra, que, para além de configurar uma habilidade manhosa, que vem enriquecer a tendência nacional para o «xico-espertismo», revela uma insensibilidade grosseira em relação à situação de crise que o país atravessa e às classes sociais a quem ela mais afecta, foi assim homologada por aqueles partidos como acto legalíssimo e até de «boa gestão financeira», nas palavras de um deputado que usou da palavra no calor da discussão. Nos grandes momentos, revelam-se as alianças necessárias à defesa dos grandes interesses nacionais que importa salvar.
Entretanto, para o ano que vem, a coisa vai tornar-se mais feia e o comissário europeu para os assuntos económicos foi apontando o caminho a seguir: cortes na saúde, facilitação dos despedimentos, acabando-se com a «justa causa», e encurtamento significativo das indemnizações a pagar pelos que forem despedidos. Claro que estas medidas vão ser, certamente, distribuídas igualitariamente por todos os que devem contribuir para ultrapassar a crise e encontrarão no parlamento as alianças necessárias para as implementar, em nome do interesse nacional.





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Estatísticas (desde 30/11/2005)