18 janeiro 2011
Actualizações
A propósito da subida astronómica dos preços das vacinas internacionais, como a da febre amarela e da febre tifoide, e dos atestados médicos de incapacidade, diz-se que esse aumento corresponde a uma actualização. Há muito tempo que esses preços não eram actualizados. Assim, faz-se uma actualização por atacado. Esta febre de actualização dos preços não é exclusiva das vacinas e dos atestados, estendendo-se a muitos outros sectores da vida social. Tudo sobe. Só o que não sobe são os salários. Estes, pelo contrário, na melhor das hipóteses, mantêm-se (isto é, na realidade, descem na proporção do aumento do custo dos produtos essenciais) ou são mesmo cortados. A sensação que isto provoca é a de uma espécie de cinismo nas políticas sociais. Precisamente quando, por efeito da chamada “crise”, se descem os salários e se aumentam os impostos, os preços dos produtos e serviços sobem por uma proclamada exigência de actualização. É claro que quem sofre na pele são as mesmas vítimas de sempre. De sorte que a dita “crise” desdobra-se em efeitos espoliadores sobre quem não pode reagir senão com o seu desespero.