08 maio 2011
O regabofe das parcerias público-privadas
Há dias, à mesa de um repasto comemorativo num hotel da cidade, surpreendi uma conversa entre dois advogados (por sinal, um deles até me parece que é do PS), em que se falava de parcerias público-privadas. Dizia um deles para o outro: «Isto das parcerias público-privadas foi um descalabro. Contrataram-se escritórios de advogados, cujos serviços foram pagos principescamente, e para quê? Para fazerem contratos em que foram estabelecidas cláusulas leoninas contra o Estado e com transferência para este dos riscos próprios da actividade empresarial privada. No fundo, foi para os bolsos dos contribuintes que se conseguiu transferir os riscos de perdas e danos, ficando as empresas concessionárias com o único ónus de arrecadarem os lucros. Notável! Não me digam que o Estado não tinha juristas de mérito de quem se poderia socorrer e com a vantagem de tais juristas terem o dever de lealdade para com o Estado!»
Olhei para eles discretamente (pois eles estavam quase na minha frente), os nossos olhares cruzaram-se entre o interrogativo e o perplexo, e eu limitei-me a aplaudir interiormente, apenas com um ligeiro sorriso (segundo imagino) a aflorar-me a face.
Olhei para eles discretamente (pois eles estavam quase na minha frente), os nossos olhares cruzaram-se entre o interrogativo e o perplexo, e eu limitei-me a aplaudir interiormente, apenas com um ligeiro sorriso (segundo imagino) a aflorar-me a face.