29 abril 2011

 

Uma monarquia exibicionista e arrogante

Ao contrário da maioria dos meus compatriotas, não tenho especiais simpatias pela Inglaterra, agora denominada Reino Unido. Por várias razões, a começar pelo indisfarçável tique arrogante, ainda imperial, com que os naturais da ilha olham para a Europa, associado a um sentimento de "excepcionalidade", que nada justifica. É esse sentimento que os isola, os leva a manter anacronismos de toda a ordem, como os sistemas medievais de medição de distância, de pesagem, de capacidade, etc., e, no plano institucional, a conservação de um série de anacronismos, como a não separação entre o poder judicial e os demais. Mas o maior anacronismo, pelo menos o mais espectacular, é a instituição monárquica. Há várias monarquias por essa Europa fora e elas subsistem porque são discretas, se não mesmo invisíveis. É essa a sua forma de legitimação democrática. Mas em Inglaterra acontece o contrário: a monarquia legitima-se pelo exibicionismo arrogante dos seus eventos, casamentos, baptizados, funerais, tudo serve para exaltar a magnificência da instituição real, demonstrar a sua supremacia sobre os súbditos, ainda não cidadãos, o que constituía o fundamento do poder absoluto, mas ofende o princípio democrático. É certo que a instituição monárquica parece gozar ainda de um apoio maioritário entre a população autóctone. Creio até que, secretamente, a maioria dos ingleses estão convencidos de que nas veias da rainha corre mesmo sangue azul. Enfim, é lá com eles. Mas o que é mesmo insuportável é ver os três canais nacionais (porque não há mais) a prestar o mesmo tributo de vassalagem à monarquia inglesa. Ou será apenas uma questão de folclore, e o folclore da realeza é o mais sumptuoso, o mais deslumbrante para patego ver.
Eu, porém, proclamo a superioridade de Messi e dos seus pares e dos espectáculos que nos proporcionam, sobre os produtos e subprodutos reais e o seu folclore caduco e bafiento.





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