05 abril 2012

 

Os aditamentos e os finalmentes

Afinal, os cortes nos subsídios de férias e de Natal têm um novo aditamento: são para durar até ao final de 2014. Já nos vamos habituando a estes aditamentos. Já sabemos que uma medida
restritiva é anunciada para durar por certo tempo limitado, mas que esse limite é elástico; em princípio, é para durar por mais tempo do que o anunciado, mas não para encolher para tempo inferior. E até será para se converter em definitivo, como quer Peter Weiss, não o célebre escritor e dramaturgo que parodiou Salazar (O Espantalho Lusitano) e o nosso colonialismo, mas o responsável em Bruxelas pela vigilância do nosso programa de ajustamento (outro espantalho
lusitano). A coisa, na verdade, começa a ter um sentido de farsa e de tragédia.
Primeiro, começa-se por dizer que a medida é para durar por um lapso de tempo determinado; depois, numa segunda fase, o período de tempo, em vez de ser X, passa a ser Y. Mas, ainda aqui, há “nuances” e contradições: um ministro diz, “É Y, e esse Y foi o que sempre esteve no meu espírito, e não X”, mas vem logo quem, sendo primeiro responsável, diz: “É Y, mas vamos por partes; a reposição da situação anterior a X e a Y não é para ser imediata, mas gradual”.
Bem, por enquanto estamos nisto: A coisa era para ser em X; vai ser finalmente em Y, mas esse Y pode não ser finalmente.”





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