19 outubro 2012

 

Manuel António Pina

ALGUÉM ATRÁS DE TI

Como no sonho dum sonho, arde
na mão fechada de Deus o que passou.
É cada vez mais tarde
onde o que eu fui sou.

Que coisa morreu
na minha infância
e está lá a ser eu?
A lâmpada do quarto? A criança?

Em quem tudo isto
a si próprio se sente?
Também aquele que escreve
é escrito para sempre.


"Algo parecido com isto, da mesma substância", p. 127





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Estatísticas (desde 30/11/2005)