02 março 2014

 

Os grandes e os pequenos


 

 

Tem havido muita preocupação com o controle a exercer sobre pessoas desempregadas que auferem subsídio de desemprego. Uma malha normativa apertada tem sido cada vez mais refinadamente costurada para evitar fraudes, punir incumprimento de deveres, compelir à aceitação de qualquer trabalho, reduzir o tempo de duração da inactividade, cortar no quantitativo da prestação, facilitar a sua anulação.

Eu sei que é preciso muito rigor na disciplina das prestações sociais para evitar abusos, situações fraudulentas, entregas à mandriice, porque, enfim, são os nossos impostos, os impostos de nós todos que estão em causa.

Compreendo que os governos se preocupem com tudo isso e que um discurso oficial se venha impondo crescentemente no sentido de apertar ao máximo a atribuição de subsídios a gente inactiva e pôr cobro a situações menos lícitas ou ilícitas que se verificam nesse domínio. Só não compreendo é que um controle tão apertado não seja exercido sobre as grandes fraudes que ocorrem noutros domínios, como, por exemplo, nas fugas aos impostos por parte de grandes “trutas”, e que até muitas das infracções cometidas nesse âmbito sejam perdoadas, a troco de um pagamento tardio das obrigações fiscais.

Bem sei que são razões pragmáticas as que ditam essa generosidade, mas, mesmo assim, são benevolências que se têm com os “grandes” e que não encontram equivalente no rigor aplicado aos “pequenos”.  





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