01 maio 2015
Uma variante do pensamento único?
Uma coisa que não me
cabe na cabeça é esta espécie de exigência potestativa da parte do governo (ou
de certos membros dele) em querer submeter as medidas alternativas apresentadas
pelo PS como projecto do seu programa de governo a uma entidade oficial
independente, para avaliar da sua consistência e do impacto orçamental que
podem vir a ter.
É uma forma de exame
prévio censurante que me parece totalmente descabida em democracia, para além
da arrogância de que se reveste. Não são os partidos, no livre jogo democrático
de luta política, exercendo a sua função de crítica de projectos alheios e de
comparação com os seus próprios, que o devem fazer? Não é o eleitorado que, em
derradeira tomada de posição, se tem de pronunciar sobre o caminho a tomar? É
então o governo que deve encarregar-se da crítica e da desmontagem dos
projectos da oposição, atribuindo a comissões de tecnocratas, pagas pelo erário
público, segundo suponho, a avaliação das medidas que os partidos
oposicionistas apresentam?
Fá-lo em nome da
transparência e da verdade eleitoral? Mas nem todos os processos são lícitos
para chegar a esse resultado, a não ser que se adopte o princípio maquiavélico
de que os fins justificam os meios. Além disso, poderá esta maioria garantir
que as suas promessas eleitorais foram cumpridas à risca e que a verdade e a
transparência têm sido os seus
obejctivos, já não direi supremos, mas, ao menos, respeitáveis?