17 março 2016
Lula
Tinha por Lula a
consideração que se tem por um homem que se transcendeu a si próprio e à sua
condição e que, tendo subido as escadas do poder, guindou milhares de
marginalizados socialmente ao patamar da dignidade. Mas agora não tenho mais
consideração por ele. Ninguém é perfeito, bem o sei. E Lula podia ter-se
deixado escorregar no plano inclinado das tentações com que o diabo do poder
costuma seduzir os que a ele ascendem. Porém, não era ainda um homem na lama.
O Ministério Público
brasileiro estava, quanto a mim, a exceder-se, ao reclamar a sua prisão
preventiva - um excesso que cheirava a protagonismo fútil. Lula podia bem
ter-se mantido de pé, ainda que tivesse prevaricado, e enfrentado com coragem o
repto dos que o queriam ver atrás das grades, mas preferiu fugir covardemente,
metendo-se atrás da muralha do poder, cujas escadas voltou a subir precipitada
e ilegitimamente.
Os seus pés de barro
estilhaçaram-se nessa subida e o mito Lula acabou por cair mesmo na lama.