28 março 2016
Pontos de vista sobre o terrorismo
«Não fora a guerra no
Iraque – dizem-nos – e estes tipos do Daesh não existiam, ou não tinham
expressão. É claro que o facto de a guerra ter sido decidida na sequência do 11
de Setembro de 2001, quando a Al-Queda derrubou as Torres Gémeas em Nova Iorque,
provocando uma matança de inocentes, nada significa para esta tese. Mas
admitamos que sim, que há uma relação direta entre isso e o terror. E mais:
entre a acção da Europa na Líbia e o terror; entre a nossa ação nas primaveras
árabes e o terror. Algumas consciências europeias adoram autofustigar-se, e
temos de fazer-lhes a vontade.
«Claro que esta tese
também não explica o terror do Boko Haram na Nigéria ou a matança jiadista na Costa
do Marfim, bem como os atentados do Bali e muitos outros. Mas tudo o que
atrapalha a teoria é colocado de lado. O interesse de se culpar Bush (independentemente
da culpa que ele tenha) é o centro da questão.»
Henrique Monteiro, “De
Quem É A Culpa Do Terror”, Expresso
de 25 de Março de 2016)
«Não vale a pena perder
muito tempo com a invasão do Iraque, uma das decisões mais absurdas e graves da
história recente e que, para afastar um ditador tonto, provocou o caos numa
região e abriu espaço a uma nova onda de fundamentalismo sunita, de que o Estado
Islâmico é o exemplo máximo. Temos agora, e pela primeira vez, pela frente um
novo terrorismo, com controlo territorial extenso, estruturas administrativas e
fiscais, mecanismos de recrutamento de fanáticos e exportação contínua de
terroristas prontos a lançar o caos em qualquer cidade europeia.
(...)
O caso da Líbia é gravíssimo porque fica aqui à porta e porque foi criado pela precipitação e pela fuga europeia. Precipitação causada pela França e pelo Reino Unido, que apostaram tudo na queda de Kadafi e na salvação dos seus poços de petróleo sem terem a mínima ideiaa do que iam fazer a seguir. E fuga, porque depois da "vitória, deixaram o país sem rei nem roque, sabendo que a Líbia nunca teve unidade geográfica ou tribal desde o tempo dos romanos.»
(...)
O caso da Líbia é gravíssimo porque fica aqui à porta e porque foi criado pela precipitação e pela fuga europeia. Precipitação causada pela França e pelo Reino Unido, que apostaram tudo na queda de Kadafi e na salvação dos seus poços de petróleo sem terem a mínima ideiaa do que iam fazer a seguir. E fuga, porque depois da "vitória, deixaram o país sem rei nem roque, sabendo que a Líbia nunca teve unidade geográfica ou tribal desde o tempo dos romanos.»
Ricardo Costa, “Pensa
Que A Síria É Longe? Então Veja Onde Fica A Líbia”, Expresso de 25 de Março de 2016)
Penso que o único ponto
comum entre os dois pontos de vista é serem os seus autores ex-Directores do semanário Expresso. Ou estarei enganado?