30 junho 2016
"Leviandades" de Schäuble
É leviano pensar que Schäuble foi leviano ao "anunciar" um novo resgate para Portugal. Ele nunca se precipita, é um homem que encarna como ninguém a "racionalidade" fria germânica. Se disse o que disse é porque queria dizê.lo. É certo que depois recuou um pouco, mas o recuo manteve o essencial: o resgate só não será necessário se Portugal "cumprir as regras europeias" (as sagradas regras europeias impostas pela Alemanha através do Tratado Orçamental). O que Schäuble quis acentuar é que não pode haver "virar de página da austeridade", como "ingenuamente" pretende o governo português... A "mensagem" de Schäuble não é financeira, é política: a Alemanha vai fazer tudo para forçar o governo português a reconhecer a fatalidade da austeridade, como aconteceu com o governo grego do Syriza. A reação do PS foi exemplar. Mas ficamos a saber que a Alemanha o que pretende é derrotar uma segunda tentativa (vinda mais uma vez do desprezado Sul) de escapar à austeridade imposta pelas tais "regras europeias".