03 julho 2019
Salgueiro Maia
Salgueiro
Maia faria ontem 75 anos, se fosse vivo. Para comemorar a passagem
desse aniversário do seu nascimento, o canal 1 da TV transmitiu um
documentário sobre a sua vida. Vi-o com todo o interesse. Foram 45
minutos bem passados, e mais que fossem, não choraria o tempo
perdido, eu que raramente vejo televisão, para não me sentir
pesaroso pela perda de tempo.
Salgueiro
Maia é bem o símbolo da Revolução que, na época contemporânea,
mudou o nosso destino. Uma revolução que se popularizou com a
imagem de uma flor, de miríades de cravos espetados no cano das
espingardas, mas que deveu a sua sorte à coragem, ao espírito
intrépido, à vontade persistente e à disposição de sacrificar a
própria vida de muitos jovens oficiais das Forças Armadas, em prol
da libertação de todo um povo, sendo Salgueiro Maia uma encarnação
perfeita daquelas qualidades.
Mais:
Salgueiro Maia representa a pureza e a gratuitidade e até um certo
sentido trágico do verdadeiro herói. Não quis honras nem
privilégios, não quis distinções especiais nem cargos
honoríficos, rejeitou protagonismos, regressou à singeleza da sua
vida profissional e familiar, valorizou-se academicamente e, ao
contrário de muito falso herói, foi remetido para funções pouco
consentâneas com as suas brilhantes qualidades, a ponto de parecerem
ou serem mesmo a expressão de má vontade ou perseguição por ter
tido o papel que teve no “25 de Abril”. Por fim, teve a desdita
de ter uma doença cancerosa que o levou à morte ainda muito jovem.
No seu testamento especificou que queria ser sepultado em campa rasa.
Dele
bem se poderia dizer com toda a propriedade que “morrem cedo os que
os deuses amam”.