22 fevereiro 2010

 

A corrida às presidenciais

Foi com perplexidade, como muita gente, que acolhi a notícia de que Fernando Nobre se candidatava à presidência da República. E foi com perplexidade que o ouvi apresentar a sua candidatura naquele tom profético que fazia lembrar o de Miguel Torga a recitar os seus próprios poemas.
Fernando Nobre estava bem onde estava, e aí é que ele concitava a admiração e o respeito de toda a gente. Era uma espécie de “missionário” laico de causas nobres. Não se imaginaria que se deixasse arrastar para as lides “prosaicas” da política por uns tantos indivíduos que vivem a sonhar com a política-como-missão-impoluta e por outros tantos que talvez se queiram servir da sua bandeira de filantropo incontestado para outros fins nada impolutos. Há quem avente com plausíveis razões que se trata de fazer frente à candidatura de Alegre e que há hostes soaristas por trás de si (Vide Fernando Madrinha no último “Expresso”). Se assim for, tanto pior. Mário Soares seria a personagem invisível desta movimentação, representando ele, agora, por interposta pessoa, o “shakspireano” papel de Coriolano que Eduardo Lourenço imputou a Salgado Zenha, quando este se candidatou, nas eleições de 1986, contra Soares.





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