12 agosto 2006

 

Um mundo cada vez mais perigoso

Os que se opõem à cruzada de Bush e seu afilhado Blair contra os "infiéis" islâmicos, e que repetidamente avisaram, especialmente a partir do "anúncio" da invasão do Iraque, que essa política é contraproducente, que só agrava o fosso de civilizações e as feridas abertas nos últimos decénios, que reforça gravemente as condições em que nasce e "floresce" o "terrorismo", etc., não ficam obviamente satisfeitos com a confirmação (mais uma) das suas previsões (aliás de fácil antecipação).
Mas também não podem ficar prisioneiros da política do facto consumado e consequentemente rejeitam os apelos à "unidade" que os agora aflitos (anteriormente arrogantes) cruzados fazem com dramatismo. Não está em causa, como nunca esteve, a condenação da prática de atentados contra alvos civis (condenação essa que não se restringe, porém, apenas a grupos clandestinos, mas abrange também entidades públicas, como o estado de Israel). A hora não é de união, como eles querem. É de denúncia frontal e implacável da política suicida em que os senhores da guerra nos meteram a todos.
As consequências da cruzada estão à vista de toda a gente: um Afeganistão com um governo meramente virtual e uma efectiva guerra de guerrilha (por ora de baixa intensidade, mas que vai permanentemnte subindo de "tom") contra a NATO, que faz o papel de força militar neocolonial; um Iraque estilhaçado, palco de atrocidades permanentes, a começar pelas praticadas pelos ocupantes; um beco cada vez mais sem saída no conflito israelo-palestiniano, agravado ainda mais pela invasão/destruição de parte do Líbano por Israel, país acima da lei. E, por fim, o agravamento da insegurança global, a nível das pessoas, da generalidade das pessoas, com a hipótese/ameaça de atentados terroristas. O mundo, é hoje geralmente reconhecido, está cada vez mais perigoso, apesar (por causa!) da política de segurança global imposta por Bush.
Tudo isto orquestrado por uma ideologia obscurantista, primária, beata, que divide o mundo em bons e maus e reduz a história e a política, como nas aventuras infantis, à luta entre essas duas categorias.
Só a inversão desta política pode esbater tensões e abrir perspectivas de pacificação gradual do mundo.





<< Home

This page is powered by Blogger. Isn't yours?


Estatísticas (desde 30/11/2005)