11 janeiro 2009

 

O massacre de Gaza

O que se passa na Faixa de Gaza não é, evidentemente, uma guerra. É uma agressão. Mais do que uma agressão: é um massacre. Só uma das partes em conflito – evidentemente, Israel – é que tem os meios bélicos mais avançados e modernos para perpetrar ataques maciços e arrasadores, provocando a hecatombe de todo um povo, de forma totalmente indiscriminada e à margem de toda a decência bélica, se é que se pode falar assim. A isso não se pode chamar uma guerra. O Hamas, que teve no seu surgimento a mãozinha perversa de Israel, tal como os “mujahidines” do Afganistão a tiveram dos Estados Unidos da América, não tem as minhas simpatias, longe disso. Não o vejo como um movimento de ideais límpidos e como uma simples vítima. Vítima é o povo palestiniano, que é quem sofre na carne os efeitos trágicos de um manobrismo político que não hesita em, calculadamente, sacrificar milhares de vitimas inocentes. O Hamas também tem as mãos sujas de muito sangue que corre à sua conta – e não falo principalmente das poucas vítimas que ocasiona com os “rockets” que lança para o sul de Israel, mas das reacções brutais e mortíferas para o seu próprio povo que sabe que vai desencadear com esses “rockets”. Por seu turno, o Estado sionista acolhe com o dente afiado essas provocações, servindo-se delas como pretexto para incursões tresloucadas, arrasando povoações, matando milhares de pessoas indefesas, incluindo crianças, reduzindo os sobreviventes a um estado de penúria absoluta de todos os bens essenciais e dificultando mesmo a acção de ajuda humanitária. É ali o inferno, dizem jornalistas que reportam os acontecimentos, porque, na verdade, não há pior cenário de sofrimento e de loucura do que esse que se verifica num espaço já de si exíguo e concentracionário – um espaço onde Israel começou por encurralar aquelas populações.
De certo modo, os fundamentalistas do Hamas e os falcões de Israel conjugam-se para a catástrofe, sendo certo que o Estado sionista carrega com infinitas maiores culpas, quer pela brutal desproporção de forças e de reacção às provocações, quando não é ele próprio a tomar a iniciativa, quer pelo seu «pecado original» de ocupação dramática de um território já habitado pelos palestinianos e por todo o seu historial de humilhações e ocupações sucessivas, sempre com a superioridade conferida pelo instrumental bélico mais sofisticado, com que tem sido armado pelos seus indefectíveis amigos americanos e outras potências ocidentais.
A acrescer a tudo isto, o tempo urge, dado que Israel quer pôr tudo a limpo, isto é, quer «limpar o terreno» antes que Barack Obama ocupe a Casa Branca e algo possa modificar-se na política americana. Para isso não hesita na destruição e na barbárie. É monstruoso, na verdade.





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